O Rapper Shin Shinoske

Entrevista exclusiva com um dos rappers mais importantes e atuantes da comunidade brasileira no Japão, Shin Shinoske, confira!!!

Apesar de o ritmo ter se popularizado muito nos últimos anos, ainda há quem tenha preconceito ou não entenda o rap como uma música de mensagem, que possui um propósito transformador e de conscientização. Um dos rappers mais importantes e atuantes da comunidade brasileira no Japão, Shin Shinoske acaba de lançar seu primeiro álbum solo, “Toki Wo Koe Vol.1 – I Have a Dream”, e bateu um papo conosco.

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Portal Mie: Como surgiu o rap em sua vida? E por que rap?
Shin Shinoske: Na verdade, comecei a ouvir rap em 1989, por conhecer alguns dançarinos de break que frequentavam a estação São Bento do metrô [point dos pioneiros da dança de rua] e me mostraram sons de Pepeu, Thaíde e Ndee Naldinho, entre outros. Por volta de 1993, me aprofundei no rap porque comecei a andar de skate, em São Paulo, e também passei a andar com punks, roqueiros e rappers. Alguns anos depois, em 1999, fui vocalista de uma banda de indie rock chamada Selfree, até chegamos a gravar um disco independente naquela época.

Na ocasião, até escrevi meu primeiro rap, “Ferro-velho do Shin”. E também trabalhei com produção de shows de reggae antes de vir para o Japão – em 2005. O rap, como parte de algo maior chamado cultura hip-hop, tem um propósito forte de transmitir mensagens, o que faz suas letras serem muito importantes. Por isso me identifiquei com ele, porque vejo a música, acima de tudo, como uma forma de expressão. Mas eu me defino como músico e também gravo e pretendo continuar gravando outros gêneros musicais.

Portal Mie: Nosso portal surgiu na mesma época que você estava à frente do MDG, um grupo de rap que se destacava na comunidade. Conte-nos um pouco dessa experiência.
Shin Shinoske: O MDG é uma referência a Mundrungos, nome de uma banca de skatistas que frequentavam o parque Wakamiya, em Nagoya. Criei o MDG no início de 2006 e ele teve algumas formações diferentes, incluindo integrantes brasileiros, que eram maioria, e também estrangeiros.

Fizemos vários shows por todo o Japão, tanto em eventos da comunidade brasileira como no circuito underground japonês, e até mesmo um show na Tailândia e no Brasil. Um único álbum do MDG, chamado “Jah Bless”, foi lançado em 2009, de forma independente. O grupo parou, por enquanto, por conta de vários contratempos, inclusive alguns ex-integrantes que tiveram de voltar para o Brasil. Mas as amizades permanecem… e as saudades daqueles tempos, também.

Portal Mie: Qual é a maior dificuldade encontrada para se fazer rap no Japão?
Shin Shinoske: Entre os brasileiros, ainda há muito preconceito e desconhecimento. E, como o rap é um estilo musical de protesto, isso desagrada a algumas pessoas. Por exemplo, na época do MDG, eu tinha músicas que denunciavam abusos e irregularidades cometidos por algumas empreiteiras. E isso nos fechou portas em alguns eventos que eram patrocinados por essas empresas, mas nem por isso nos calamos nem mudamos nossas letras.

Já entre os japoneses, apesar da barreira do idioma, com o qual consigo me comunicar mas ainda não domino com fluência, percebo que há mais aceitação. Fiz vários shows com e para japoneses, o produtor musical que mixou e masterizou meu disco é japonês e frequentemente recebo convites para cantar em eventos japoneses – mas, ao menos durante essa pandemia, tenho recusado todos.

Portal Mie: Como foi o processo de gravação deste seu primeiro álbum solo?
Shin Shinoske: Essa história começa em 2015, em Nagoya (Aichi), quando decidi montar meu próprio estúdio e estava cansado de pagar por sessões avulsas em estúdios japoneses. Mas um pastor que tinha me alugado um espaço no Kyuban Danchi me pilantrou e descumpriu sua palavra depois que eu já havia começado a reformar o local.

Então, no ano seguinte, me mudei para Minokamo (Gifu) e recomecei a montar meu próprio estúdio, o Minokamo Rap Dojo. Foi um trabalho árduo e demorado, em que precisei driblar a falta de tempo e de recursos, mas mesmo assim investi bastante nas obras e equipamentos – calculo que, no mínimo, cerca de um milhão e meio de ienes. A gravação do disco, em si, durou pouco mais que um ano. E estou com mais outros dois discos prontos, para serem lançados em breve.

Portal Mie: Existe também um coletivo cultural envolvido, né? Fale um pouco sobre ele.
Shin Shinoske: O trabalho é um lançamento do selo Shuriken Produções, que possui integrantes no Brasil e no Japão. Nesse time tem rappers, DJs, produtores, escritor, cineasta, produtor de eventos… No Brasil, o Shuriken já lançou três livros e cinco CDs independentes, além de alguns videoclipes. E, com o lançamento do meu disco, o coletivo se consolida como a primeira “multinacional” do hip-hop brasileiro. Mais trabalhos estão vindo em breve, entre livros, discos e videoclipes.

Portal Mie: E quais são seus planos a partir de agora?
Shin Shinoske: Quero seguir divulgando meu disco, apesar das limitações que a pandemia exige. Também estamos lançando o primeiro videoclipe (da canção “I have a dream”) e pretendemos fazer outros. Conforme mencionei, tenho mais dois discos para lançar, um deles com vários nomes de peso do rap brasileiro, como Sandrão e DJ Cia (RZO), Sombra, DBS Gordão Chefe, Kiko Latino e Bad (Tribunal Popular e atual formação do grupo 509-E), entre outros.

E, como tenho meu próprio estúdio, o Minokamo Rap Dojo, quero seguir gravando minhas músicas e ajudando outros talentos a ganharem visibilidade. Recentemente, por exemplo, começamos a gravar o disco do rapper Choco7at, de Maebashi (Gunma), que também faz parte do Shuriken. Anexo ao estúdio, também disponho de um espaço cultural em que vinha promovendo eventos periódicos, expondo a arte de outras pessoas, promovendo a gastronomia brasileira e realizando atividades que estimulem intercâmbios entre agentes culturais diversos. Esse plano foi pausado, por enquanto, em razão da pandemia, e ainda depende dos rumos dela para ser retomado.

Agradecimentos
Primeiramente, a Jah. Também quero agradecer a todos os que acreditaram no meu trabalho quando ninguém acreditava… e aos que continuam acreditando.

Confira mais fotos de Shin Shinoske clicando aqui

Contatos de Shin Shinoske
Spotify: Shin Shinoske
Facebook: Shin Shinoske, Minokamo Rap Dojo e Shuriken Produções
Instagram: Shin Shinoske, Minokamo Rap Dojo e Shuriken Produções
YouTube: Shin Shinoske e Shuriken Produções

Confira o vídeo clipe do CD “Toki Wo Koe Vol.1 – I Have a Dream” com Shin Shinoske

 

Reportagem
Clayton Moraes – Fotógrafo & Colunista

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