Resultados precoces de testes de três vacinas em potencial contra Covid-19 divulgados na segunda-feira (20), incluindo uma candidata da Universidade de Oxford atentamente observada, aumentaram a confiança de que uma vacina pode treinar o sistema imunológico a reconhecer e combater o novo coronavírus sem graves efeitos colaterais.
Se qualquer um desses esforços resultará em um vacina capaz de proteger bilhões de pessoas e acabar com a pandemia global que já levou a vida de mais de 600 mil ainda está longe de ser claro. Todas exigem estudos bem maiores para provar que elas podem prevenir de forma segura uma infecção ou doença grave.
A vacina sendo desenvolvida pela fabricante de medicamento britânica AstraZeneca junto com a Universidade de Oxford, induziu uma resposta imune em todos os participantes do estudo que receberam duas doses sem quaisquer efeitos colaterais preocupantes.
Uma vacina de coronavírus em desenvolvimento pela CanSinoBiologics e unidade militar de pesquisa da China, similarmente, mostrou que parece ser segura e induziu uma resposta imune na maioria dos 508 voluntários saudáveis que receberam uma dose da vacina, divulgaram os pesquisadores.
Cerca de 77% dos voluntários do estudo tiveram efeitos colaterais como febre ou dor no local da aplicação da injeção, mas nenhum considerado grave.
Tanto a vacina da AstraZeneca como a da CanSino usam vírus da gripe inofensivo conhecido como adenovírus para carregar material genético do novo coronavírus para o corpo. Estudos sobre ambas as vacinas foram publicados no jornal The Lancet.
“No geral, os resultados de ambos os testes são amplamente similares e promissores”, escreveram Naro Bar-Zeev e William Moss, dois especialistas em vacinas da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Jonhs Hopkins, em um comentário no The Lancet.
Entretanto, a candidata da CanSino novamente mostrou sinais de que as pessoas as quais anteriormente haviam sido expostas ao adenovírus em particular em sua vacina tiveram uma resposta imune reduzida.
Os autores do estudo chamaram isso de “o maior obstáculo” a ser vencido pela vacina.
A companhia de biotecnologia alemã BioNTech e a fabricante de medicamento dos EUA Pfizer divulgaram detalhes de um pequeno estudo na Alemanha de um tipo diferente de vacina que usa ácido ribonucleico (RNA) – um mensageiro químico que contém instruções para criar proteínas.
A vacina instrui células a criarem proteínas que imitam a superfície exterior do coronavírus. O corpo reconhece essas proteínas similares a vírus como invasores e podem então preparar uma resposta imune contra o vírus real.
“É encorajador que todas essas vacinas parecem induzir anticorpos nas pessoas”, disse a ex-vice-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde Marie-Paule Kieny do instituto francês de pesquisa Inserm. “Isso prova que a ciência está avançando muito rápido, o que é um bom sinal”.
Historicamente, somente 6% de vacinas candidatas acabam entrando no mercado, geralmente após longos anos no processo de testes.
Fabricantes de vacinas esperam reduzir dramaticamente o tempo através de ensaios mais rápidos e ao fabricar em escala mesmo antes dos produtos provarem ter êxito.
Fonte: Agência Reuters